Homicídios levam mais de sete anos para serem resolvidos
Só 2,4% dos casos geram condenação, diz pesquisa do Fórum de Segurança Pública
A pesquisa analisa também o outro lado da moeda, que surge com o mergulho nos casos: o da injustiça com presos cuja culpa não ficou comprovada. Para Ludmila, que pesquisou 786 casos sorteados aleatoriamente nestas capitais, em 2013, foi surpreendente o número de réus pretos, pobres e sem advogado particular para se defender. “Imagine você ficar preso em Belo Horizonte, por exemplo, por nove anos, e ser absolvido? Qual o sentimento desta pessoa? E de seus familiares? Isso faz girar o ciclo de violência.”
A pesquisa foi feita para a Secretaria de Reforma do Judiciário, do Centro de Estudos sobre o Sistema de Justiça, do Ministério da Justiça. Rio de Janeiro e São Paulo ficaram de fora desta rodada, mas em 2009, quando foram pesquisados, levavam 4,19 anos cada, em média.
Pesquisadora propõe fundir inquérito e processo
Colômbia e Chile. Vem da própria América do Sul os exemplos de reformas no Judiciário que podem ajudar a diminuir a sensação de impunidade, gerada pela demora entre a ação e sua sentença. Para Ludmila, o Brasil precisa unir o inquérito policial ao processo. Segunda ela, hoje, estes dois procedimentos para se chegar à Justiça acabam atrapalhando.
A desobstrução da Justiça aconteceu na década de 90, no Chile, e na década de 2000, na Colômbia — país que já teve uma das maiores taxas de homicídio do mundo, por conta do combate à guerrilha, e que vem resolvendo o problema com uma série de medidas, entre elas a incorporação das favelas à cidade formal. “É preciso desburocratizar a Justiça.”
Governo fará ‘Pacto contra a Violência’
O 9º encontro começa hoje e vai até sexta-feira, quando o governo federal irá apresentar o seu ‘Pacto contra a Violência’, documento com metas a serem alcançadas nos próximos anos. A medida é antiga reivindicação dos organizadores do Forum Brasileiro, que insistem que o governo federal tome a frente da luta pela redução dos homicídios.
“Já temos uma média de 59 homicídios a cada 100 mil pessoas, uma das maiores do mundo. Precisamos encontrar uma solução e o governo federal fará este chamamento”, diz a socióloga Sílvia Ramos, do Cesec/Ucam, que comandará uma das dezenas de mesas do encontro. Com o tema ‘Homicídios de jovens negros’, ela estará na Mesa 5 com Raull Santiago (Alemão) e o Coronel Íbis (PM-RJ).