Exonerações unem PT e PMDB
Publicado em 08/11/2011 por Carlos Soares
Petistas da capital dizem que a tese da candidatura própria fica mais forte agora
A exoneração de 17 funcionários do gabinete do vice-prefeito Roberto Carvalho pode ter sido um tiro pela culatra para o prefeito Marcio Lacerda (PSB). O ato, publicado no “Diário Oficial do Município” na última sexta-feira, já está sendo usado politicamente pelos petistas da capital para fortalecer a tese de candidatura própria em uma aliança com o PMDB.
Em reunião ontem com os presidentes das executivas municipais do PDT, deputado estadual Sargento Rodrigues, do PMDB, deputado federal Leonardo Quintão, e com vereadores das duas siglas, na Câmara de Belo Horizonte, o vice-prefeito e presidente municipal do PT, Roberto Carvalho, afirmou que a atitude de Lacerda afasta ainda mais a reedição da aliança de 2008. “É um gesto que sinaliza um caminho e que fortalece essa nossa unidade (em torno da candidatura própria) para que outros partidos venham dialogar conosco”, disse.
“Esse tipo de atitude não colabora na construção da aliança entre PT e PSB. Se você quer o todo, como vai desprezar ou repudiar a parte?”, criticou o vereador petista João Locadora em referência às exonerações.
PT e PMDB estão dispostos a dar maior conotação política à atitude de Lacerda. Na próxima quinta-feira, os partidos, com apoio do PDT, vão realizar um ato de desagravo às exonerações, na sede do PT municipal. “Vamos mostrar nosso descontentamento e nossa solidariedade ao vice-prefeito”, disse o deputado Leonardo Quintão.
Principal parceiro de Carvalho na tentativa de composição de uma chapa para enfrentar Lacerda em 2012, o presidente do PMDB da capital foi também um dos mais duros nas críticas sobre a exoneração dos funcionários, ato que ele considerou como “fascista”. “Quando ele (Lacerda) toma uma atitude, arbitrária e fascista de exonerar as pessoas que estão auxiliando na vice-prefeitura, eu vejo esse ato como um desrespeito à democracia”.
O único petista que saiu em defesa da prefeitura foi o líder de governo na Câmara, Tarcísio Caixeta. “A prefeitura está fazendo um processo de reavaliação dos quadros. Os casos serão avaliados um a um, e aquelas pessoas que forem contribuições realmente importantes serão reconduzidas”, disse.
Articulação petistaDebate. O diretório municipal do PT realizou reunião, ontem à noite, para discutir a sucessão 2012.
Deliberações. Segundo membros da executiva que foram ao encontro, foram aprovados dois documentos.
Aliança. O primeiro, reforça a resolução de setembro, que veta a composição de alianças com o PSDB.
Protesto.O segundo é uma moção de repúdio à demissão dos aliados do vice-prefeito Roberto Carvalho.
Rodada. Foi definida ainda uma nova reunião ampliada do PT, em BH, para amanhã.
Guarda
“Cabidão” é obstruído em represália
A emenda do Executivo ao projeto de lei que estrutura a carreira da Guarda Municipal de Belo Horizonte e determina a criação de 97 cargos comissionados, o chamado cabidão, promete causar polêmicas na Câmara. Na reunião plenária de ontem, minutos antes do início das votações, vereadores já anunciavam que não iriam votar a emenda.
Na última sexta-feira, os parlamentares usaram a proposta para questionar as exonerações no gabinete do vice-prefeito Roberto Carvalho (PT). O vereador petista Arnaldo Godoy usou a tribuna para criticar a decisão. “Fosse essa (exonerações) uma medida de contenção, tudo bem. Mas a alegação cai quando vemos o projeto da Guarda Municipal”.
O líder do PT na Câmara, vereador João da Locadora, afirmou que não há motivos para a criação de tantos cargos. Na justificativa à emenda, o prefeito Marcio Lacerda afirma que a proposta busca “atender as necessidades de aprimoramento da gestão dos serviços públicos”.
A emenda não foi votada porque, antes que ela entrasse na pauta, o quórum foi derrubado por conta de uma outra polêmica: o projeto de lei que torna a área da ocupação Dandara, no bairro Céu Azul, de interesse social.
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