Posted: 05 Jul 2012 12:59 PM PDT
Os "sais de banho" são um tipo de novas drogas criadas em laboratório que geram comportamento violento
Foto: AP
Um crime cometido no início deste mês chocou os moradores da cidade de
Waco, no Estado americano do Texas: um homem que havia fumado maconha
sintética matou e comeu um cachorro. Michael Daniel, 22 anos, agrediu e
estrangulou o animal após consumir a droga. Em seguida, ele mordeu o
cão, arrancando pedaços de carne, segundo a polícia. Este e outros
crimes violentos alertaram as autoridades dos EUA para o consumo de
novas drogas sintéticas.
Criadas em laboratório, essas substâncias são capazes de transformar
usuários em "monstros", segundo o médico diretor do Centro de
Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital de Clínicas de São Paulo,
Antony Wong. Relatos da polícia americana à imprensa local confirmam:
cresceu o número de prisões de indivíduos muito alterados. Em Waco,
Daniel disse que havia consumido maconha sintética, também chamada de
K-2. Mas existe outra droga desse tipo considerada nova e perigosa - os
"sais de banho".
De acordo com o médico Antony Wong, essas drogas são como "um crack
piorado". "O efeito dessas drogas é muito grave porque torna a pessoa
literalmente um monstro. Não é nem um animal, é um monstro, porque ela
não tem como controlar suas emoções nem sua força", afirmou o médico. "É
como se o cérebro delas se desconectasse do resto do corpo", disse. "As
pessoas que usam ficam gratuitamente violentas, agressivas, a tal ponto
de matar sem ter nenhuma noção de por que fizeram isso", afirmou ele.
Mas não foi em todos os casos nos quais se suspeita do uso dessas drogas
que a violência ocorreu contra outra pessoa ou animal. No mês passado, a
polícia de Nova Jersey foi chamada porque um homem estava trancado em
um apartamento e ameaçava cometer suicídio. Os agentes arrombaram a
porta e ordenaram que Wayne Carter, 43 anos, soltasse a faca que
portava, mas ele passou a se esfaquear no abdômen, pescoço e pernas.
Quando os policiais usaram gás de pimenta para tentar impedi-lo de
continuar, o homem se enfureceu e começou a jogar pedaços da própria
pele e intestinos contra os agentes. Carter sobreviveu e foi internado
para tratamento psiquiátrico.
Maconha sintética e "sais de banho"
De acordo com Antony Wong, as novas drogas sintéticas surgiram nos
últimos três anos e "são muito mais potentes e agressivas em comparação
com as drogas antigas". Os dois grupos são a maconha sintética e os
"sais de banho". "A maconha sintética é chamada assim porque é uma erva,
só que ela é cultivada e depois acrescentada com substâncias", disse o
médico. "Os sais de banho são chamados assim porque a droga foi
comercializada dessa forma, é vendida em pacotinhos e, quando você abre,
parece sabonete em pó", afirmou ele.
"O que esses dois grupos têm em comum é justamente a extrema violência, a
agitação e o alto poder destrutivo sobre a mente e o corpo dos
usuários", disse Wong. Na maioria dos crimes que a polícia acredita
terem sido cometidos após o consumo dessas drogas, os suspeitos
afirmaram não se lembrar do que havia ocorrido - Michael Daniel, o homem
que matou o cachorro, disse aos familiares que não tinha qualquer
lembrança do crime e foi à igreja para pedir perdão a Deus.
Os parentes de Daniel o descreveram como um pai dedicado de duas
crianças e um amável tio, e que o crime foi algo completamente diferente
do caráter dele. Para o médico do Hospital de Clínicas de São Paulo, o
argumento faz sentido, já que, sob o efeito dessas drogas sintéticas, "a
pessoa não tem consciência ou controle do seu corpo, da sua mente e dos
seus freios sociais". "Ela age impulsivamente, sem nenhuma consciência.
Ou seja, é como se a parte pensante do cérebro estivesse cortada,
seccionada, separada do resto do cérebro", disse ele.
Mais devastadoras do que o crack
O diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital de
Clínicas de São Paulo acredita que os efeitos das novas drogas
sintéticas seriam muito piores do que os do crack para a sociedade. "Não
se pode deixar essas drogas chegarem ao mercado", disse Antony Wong.
"Elas têm efeito muito mais devastador do que o crack, porque (...) as
pessoas que usam crack eventualmente tornam-se violentas por questão de
dinheiro. Agora, nesse caso de usar substâncias sintéticas, a violência é
absolutamente gratuita, não tem nenhuma motivação", afirmou ele.
Para o médico, "o pior de tudo é que (o usuário) não tem nenhum freio,
então ele come, mutila, destrói uma vítima e não está nem consciente de
que cometeu esse crime". O número de casos de pessoas viciadas nessas
drogas ainda é pequeno na Europa e nos Estados Unidos, mas, segundo
Wong, "o sucesso no tratamento lá no exterior de viciados nessas
substâncias tem sido decepcionante". "Nós não estamos nem conseguindo
tratar as pessoas viciadas em crack, imagine abrir uma nova frente
contra essas drogas - que são pequenas por enquanto, mas as pessoas não
têm nenhuma capacidade de reagir", afirmou Antony Wong.
Fonte: http://amigosdaguardacivil.blogspot.com.br/2012/07/medico-droga-que-fez-homem-comer-cao.html
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