Flávia Ayer - Estado de Minas
Publicação: 10/06/2010 20:13 Atualização: 10/06/2010 20:32
Praça em frente à Serraria Souza Pinto é um dos alvos dos vândalos
Criado para ser um monumento ao progresso, um dos novos viadutos da Avenida Antônio Carlos, na altura da Rua Operários, inaugurado há pouco mais de dois meses, acaba de receber o carimbo do atraso. Alvo da ação de pichadores, ele exibe em seus muros no Bairro Cachoeirinha, na Região Noroeste, assinaturas do vandalismo e se transformou em mais uma cicatriz de um mal que BH ainda não conseguiu derrotar. Levantamento da Polícia Militar (PM) traz a preocupante incidência de 300 pichações por mês na capital, emporcalhando de paredes anônimas a cartões-postais, como o Viaduto Santa Tereza, que liga o Bairro Floresta, na Região Leste, ao Centro.
Mas a pichação não é a única mostra da incivilidade urbana. Compõe com cartazes e faixas, que oferecem desde emprego aos serviços mais variados, como crédito, tarô e búzios, parte significativa da sujeira da cidade. De acordo com o movimento Respeito por BH, da prefeitura, de janeiro a março, quase quatro quilômetros de faixas de pano foram retiradas das ruas e avenidas. Não há uma estatística que meça a quantidade de cartazes em muros e postes, mas dados apenas da Regional Centro-Sul, onde o problema é mais grave, acendem sinal de alerta: de janeiro a maio, foram 76 notificações.
Veja a galeria de fotos da sujeira em BH
Além de ferir o Código de Posturas de BH, documento que regulamenta o uso do espaço público, que proíbe a prática, a afixação de cartazes e faixas também vai virar investigação do Ministério Público Estadual (MPE). Seguindo exemplo da parceria firmada há um ano entre Polícia Civil, MPE e a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial para fechar o cerco aos pichadores, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) entregou, no mês passado, à Promotoria de Defesa de Habitação e Urbanismo da capital relatório com mais de 200 fotografias de faixas e cartazes espalhados pela cidade.
“Vamos identificar os poluidores e processá-los pelo crime ambiental (Lei Federal nº 9.605/98), da mesma forma que os pichadores. Vamos atuar até com a quebra de sigilo telefônico, se for preciso”, afirmou a promotora responsável pela pasta, Cláudia Ferreira de Souza, ressaltando que o trabalho seguirá os moldes do combate à pichação. Ela explica que os criminosos podem ser penalizados com detenção de três meses a um ano, com possível reversão para multa de R$ 510.
Saiba mais...
No caso das faixas e cartazes, o trabalho conjunto da prefeitura e do MPE não será fácil. Muitas vezes, os criminosos deixam poucas rastros. São encontrados apenas pelo número do celular. Ao contrário das pistas, as ofertas são muitas, espalhadas por postes, muros, orelhões e onde caiba um papel colado com grude. Há propostas de emprego, cursos para ingresso na carreira militar, shows, passagens para o Norte de Minas em transporte clandestino, profissionais especializados em monografias, cartomantes, tarólogas, como a Irmã Cristina ou a Mariazinha Baiana. Há até quem garanta trazer a pessoa amada de volta, com pagamento depois do resultado.
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