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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Scotland Yard – A Polícia Metropolitana de Londres

12abr2010Em: Curiosidades, Equipamentos, TécnicaAutor: Danillo Ferreira

Poucas forças policiais no mundo têm a notoriedade da Scotland Yard, a polícia metropolitana de Londres. Talvez apenas as SWAT norte-americanas, grupamento tático surgido no Departamento de Polícia de Los Angeles, sejam tão famosas como a tradicional Metropolitan Police londrina. Apesar da tradição, a força policial da capital inglesa não é tão antiga assim, pelo menos não se considerarmos polícias como a brasileira Polícia Militar do Rio de Janeiro, com mais de 200 anos. A New Scotland Yard foi fundada em 1829, contando, assim, menos de 190 anos.

Ressalte-se que o nome “New Scotland Yard” é oriundo da sede da Metropolitan Police, verdadeiro nome da força. Com mais de 35.000 homens, é a maior polícia de Londres, que ainda conta com a City of London Police, uma outra organização policial que possui uma atuação territorial diferente da Scotland Yard. Nos países desenvolvidos, é comum a existência de várias organizações policiais em uma mesma cidade, dividindo-se, entretanto, as competências – seja territorialmente ou por tipo de crime.

Aqui cabe ressaltar uma diferença chave entre a New Scotland Yard e as polícias brasileiras, que possuem ciclo incompleto. Por lá, na mesma organização policial, encontraremos serviço de investigação, inteligência e até mesmo perícia – oForensic Intelligence Team, responsável inclusive por coletar elementos de prova constantes nas cenas do crime. É o que se chama de “ciclo completo de polícia”, onde a mesma organização policial que detecta a infração penal é responsável pelo registro e investigação da ocorrência.

Como as polícias militares estaduais brasileiras, a polícia londrina também dispõe de vários tipos e modalidades de policiamento. É presença constante nas ruas de Londres o policiamento a pé e a cavalo, uma aposta marcante no modelo de polícia com maior proximidade com o cidadão. A cavalaria da polícia londrina dispõe de mais de 120 animais para sustentar o policiamento montado.

Só para fazermos um comparativo, a Scotland Yard, possui mais de 35.000 homens atuando na Região Metropolitana de Londres, que possui cerca de 7 milhões de habitantes. A Bahia, com seus quase 14 milhões de habitantes, sendo otimista, possui mais ou menos o mesmo efetivo, juntando polícia militar e polícia civil. E aqui desconsidero o Corpo de Bombeiros londrino e a City Of London Police (citada acima).

Scotland Yard: a polícia desarmada?

Muito se ouve falar que a New Scotland Yard é uma “polícia que atua desarmada”. Não é de todo errada a afirmação, já que a maioria dos policiais que atuam no policiamento ostensivo em Londres, efetivamente, não se utiliza de armas de fogo. Porém, os recursos “não-letais” estão largamente à disposição dos policiais londrinos. Espargidores de Gás CS e Spray de pimenta, bastões retráteis, aparelhos de choque, cães policiais e outros equipamentos estão sempre à mão dos policiais da Scotland Yard.

Além do mais, a eles possuem um grupamento altamente treinado, composto por cerca de 2 mil homens, que atuam portando armas de fogo, e que estão sempre à disposição do policiamento ordinário caso o reforço armado seja necessário. Trata-se do Central Operations Specialist Firearms Command, o CO19, uma das “tropas de elite” das polícias do mundo. O CO19 conta com snipers, especialistas em explosivos, time tático, cães farejadores e equipamento de primeira linha, como pistolas Glock, Metralhadoras MP5 e rifles PSG1.

O caso Jean Charles de Menezes

Mas nem tudo são flores na New Scotland Yard. Apesar dos recursos disponíveis e do treinamento exaustivo – só o curso de tiro do CO19 dura 8 semanas – episódios trágicos por causa de erros policiais já ocorreram, como o da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes:

O caso Jean Charles de Menezes refere-se a um emigrante brasileiro morto por engano pela CO19, unidade armada da Scotland Yard, no dia 22 de julho de 2005, no metrô de Londres, com oito tiros à queima-roupa, depois que os agentes policiais supostamente o confundiram com um homem-bomba.

Jean Charles vivia há três anos no sul da capital inglesa e, segundo as autoridades, foi confundido com um terrorista árabe, que teria participado dos atentados da véspera, contra ônibus e estações do metrô de Londres. O erro foi admitido pela Scotland Yard, quando informou que o brasileiro não tinha nenhuma relação com qualquer grupo terrorista. Segundo a autoridade policial, o acidente ocorreu porque o brasileiro se recusara a obedecer às ordens de parar, dadas pelas autoridades.

Leia mais sobre o caso Jean Charles

Como se vê, a complexidade da atividade policial é algo compartilhado por todos os policiais do mundo, estejam eles em qualquer país e condições de trabalho – o que não justifica, naturalmente, a falta de equipamento e formação das polícias brasileiras.

A idéia deste texto foi trazer a nosso leitor um pouco da prática policial estrangeira, para que façamos um comparativo ponderado entre as realidades, que, neste caso, são profundamente distintas. A título de ilustração, lembremos quesomos o sexto país do mundo em número de homicídios, enquanto a Inglaterra ocupa a 89ª posição. Certamente, uma disparidade que não está apenas no âmbito das polícias.

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