CARLOS RHIENCK
Viatura policial
Como descrito pela PM, viatura fechada, com o giroflex ligado, mas sem sinal de PMs, na Praça 7

O aposentado Hélio José Veloso, de 66 anos, teve a carteira roubada próximo à Praça 7, no Centro de Belo Horizonte. Ele olhou para os lados e não encontrou nenhum policial militar. Ao caminhar em direção à rodoviária, viu uma viatura com as luzes do giroflex acesas.
Ao se aproximar, o aposentado notou que o veículo estava fechado e sem militares dentro ou próximo ao veículo. “Não consegui ajuda. O que adianta a polícia querer mostrar que está presente se só encontramos a viatura?”, afirma Veloso.
A estratégia é adotada pela PM, segundo uma fonte da corporação. Viaturas com o giroflex ligado são colocadas em pontos de grande movimento, fechadas e sem policiais a bordo.
O militar não soube informar se a estratégia faz parte da rotina de alguns batalhões ou se a medida tornou-se uma regra geral. “Chegam a colocar a viatura próximo a um posto de observação e vigilância (POV) para parecer que os militares da base fixa são os da guarnição motorizada. Estão gerando uma falsa sensação de segurança, pois a pessoa não consegue atendimento”, afirma a fonte.

Flagrante
Na tarde de segunda-feira, o Hoje em Dia percorreu as ruas do Centro e encontrou viaturas paradas, fechadas e com as luzes vermelhas ligadas.
Todas eram da Patrulha de Bairro do 1º Batalhão da PM. Uma estava no cruzamento da avenida Paraná com a rua Caetés, próximo à Praça Rio Branco (da rodoviária). Outra foi encontrada na Praça 7 e, a terceira, perto da Praça Raul Soares, no Barro Preto.
Em cada um dos locais, a reportagem permaneceu por pelo menos 15 minutos. Durante esse tempo, nenhum militar se aproximou dos veículos. “Essa estratégia é, no mínimo, bizarra. Procuro passar pela Praça Raul Soares em horários em que o risco de sofrer alguma violência é menor. Em vez de colocarem uma viatura vazia, tinham que criar um posto policial fixo aqui”, diz o músico Breno Terra, de 23 anos.

Resposta
Comandantes de batalhões da PM consultados pelo subtenente Raimundo Nonato Meneses Araújo, presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), negaram que estejam adotando a estratégia.
“Disseram que pode acontecer de os policiais saírem para percorrer determinada região e, depois, voltarem para os carros. Me preocupa se, por acaso, as viaturas estejam sendo deixadas sozinhas nas ruas”.

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